quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Resenha do texto O pixel e o papel

O papel e o pixel – José Afonso Furtado


A presente obra apresenta questões relevantes: a produção do livro, sua definição, tanto na forma eletrônica quanto impressa. Para discutir essas distinções quanto à forma, o autor apresenta diversos conceitos, trazidos por diferentes autores os quais ele se utiliza para se embasar, se apoiar, evidentemente. O autor português formado em Filosofia, e, talvez por isso, traga questões filosóficas para compreender a atualidade, e tenha um olhar multifacetado para encarar tudo isso. Ele tem muito a contribuir para a Ciência da Informação. Inclusive aborda diversas faces do assunto, propõe visões de diferentes posições e a contribuição de diversas disciplinas, para expor as revoluções que estão ocorrendo. Não apenas a técnica, mas também a morfológica e material no modo de fabricação do livro, sua difusão, editoração, inclusive as novas maneiras de leitura.

Segundo o autor as tecnologias eletrônicas penetraram em todos os aspectos do processo de publicação do livro. E essas mudanças se devem aparecimento e desenvolvimento da www. Os browsers gráficos e as generalizações dos hyperlinks e do hipertexto e a expansão da internet permitem integrar outras mídias e apresentar nossos formatos do livro e gêneros literários.A nova cadeia de valor deve ter como parte: o autor, o leitor, a seleção, o acesso, a agregação, o desenvolvimento, a navegação e a autoridade.

Encontra-mo-nos perante uma realidade completamente nova na sua concepção, realização e fruição. Em que o conceito de livro está em questão e há debates e discussões e diferentes posições e opiniões sobre isso. Ao lado desses questionamentos a ele ligados, entra a questão os profissionais e o próprio modo de editoração. Além da discussão a respeito do livro o autor apresenta os diferentes posicionamentos a respeito dos e-books e e-texts e livros digitais. Relacionadas a questão dos diferentes conceitos de livros estão a própria tecnologia de produção dos mesmos, os suportes nos quais se apresentam, os diferentes softwares e hardwares, portanto, o diferentes dispositivos que surgem para atender e suprir e melhor atender essa demanda. São questões novas, em início de fluxo e que o usuário pela procura e resposta a isso, indicará o caminho para o futuro. O consumidor pode desejar dispositivo uni ou multifuncional. Pode optar pelos diferentes dispositivos e suas especificidades e utilidades, disponíveis no mercado e a que lhe convier ele utilizará. Diferentes formatos de livros estão sendo desenvolvidos de modo a agradar a leitura. Os ebooks não representam uma revolução, mas uma evolução do livro impresso. Eles agregam funcionalidades e comodidades ao leitor.

O autor discute o hipertexto, suas funcionalidades e os diferentes tipos. O que significa que o a própria construção literária antes presa ao modelo impresso está mais livre, possui mobilidade, flexibilidade através do hipertexto. Coloca o modelo do labirinto como sendo de grande valor simbólico e também o principio organizacional da estrutura tipológica do nosso espaço intelectual. A questão do hipertexto converge para a desmaterialização do texto que segundo o autor significa ignorar os contextos material, econômico, social e cultural do computador.

A praticidade, mobilidade e durabilidade do livro impresso é lembrada pelo autor, que nos lembra que diferentemente dos livros eletrônicos, dispensa qualquer instrumento ou ferramenta de leitura.

Novos modos de leitura estão surgindo em função das transformações tecnológicas do livro, no entanto, independentemente das razoes que levam os leitores a ler, o importante é que o façam, e o suporte do texto escrito nesse caso é irrelevante: pode ser um e-book, PDA ou o livro impresso. As questões referentes a codificação de sinais e símbolos e a interação do leitor com a leitura deve ocorrer não importa o formato do livro que ele lê.

Ao abordar questões referentes à memória o autor, em suma, quer dizer que o é importante deve ser lembrado e conservado, ou melhor, guardado, porém o que não merece importância e deve ser esquecido. Mas atentando-se para as questões de consumo e desmemorização que a perspectiva a-história pretende impor.

Ele traz a questão da fixidez e rigidez do texto e discute as vantagens e desvantagens de cada uma, que ao longo de todo esse processo de sedimentação de hipertexto irá se esclarecer mais nitidamente.

A autoridade, legislação e direitos autorais também são abordados e são questões ainda novas que estão ganhando repercussão e atenção porque envolve a edição do livro, a autoria e a também a literatura.

Finalmente, ele traz autores que retomam as vantagens e desvantagens do livro impresso e do formato eletrônico, as transformações culturais, sociais e tecnológicas se interpenetram, se sobrepõem e escrevem a história do livro.

Os aspectos que considero relevantes à questão profissional são:

- o mercado livresco, que interessa ao bibliotecário, como está se dando o processo misto agora de editoração material e digital do livro e o modo de consumo relacionado a ele;

- conhecer os diferentes dispositivos que estão sendo criados e suas funcionalidades;

- o próprio paradigma social emergente é importante conhecer, que refletirá os novos modelos culturais, sociais e tecnológicos da leitura e do leitor que surge;

- a organização da informação dentro das diferentes mídias, o acesso a ela e a disponibilização ao usuário;

- a questão institucional, diferentes organizações existem e possuem distintas concepções filosóficas e paradigmáticas, conhecer a organização em que trabalharemos nos permitirá desempenhar melhor e mais seguramente o nosso trabalho.

Um comentário:

  1. Oiiiii. Está muito bom. Ah que legal temos blog, agora vamos trocar idéias por aqui também. Vou ser tua seguidora. bjs.
    VâniaV.

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